Sunday 29 September 2013

O Códex 632 - José Rodrigues dos Santos


O tema deste mês no Desafio Literário é escritores portugueses contemporâneos. Claro que tenho vários livro de Saramago em casa ainda por ler mas aceitei a recomendação de uma outra participante do Desafio e li um autor que para mim era totalmente desconhecido.

O livro me foi apresentado como sendo um 'Código da Vinci' melhorado. É exatamente isso. Seguimos o historiador Tomás Noronha na sua investigação sobre Cristovão Colombo e a sua verdadeira identidade. Tomás decifra códigos, viaja pelo mundo em busca de pistas e ainda tem tempo de ter um caso extraconjugal.

O que me encantou no livro foi a cuidadosa pesquisa de José Rodrigues dos Santos antes de tratar de qualquer tema do livro. Tomás tem uma filha com Síndrome de Down e recebemos uma pequena aula sobre a doença.A amante de Tomás é sueca, e  o escritor nos relata vários aspectos desta cultura. As cidades que Tomás visita nos são descritas detalhadamente. O momento em que a praia de Ipanema nos é apresentada é hilário. Tomás vai se encontrar com um professor de filosofia e recebemos uma pequena aula sobre Kant e Foucalt. Passamos também a conhecer detalhadamente os bastidores dos descobrimentos.

Parece chato e demasiadamente didático? Absolutamente! Chato é quando José Rodrigues se alonga nos aspectos pessoais da vida de Tomás. Confesso que  ás vezes pulava certas partes. Queria chegar logo nas aulas deliciosas de José Rodrigues dos Santos.

E ainda tem a delicia de ler com sotaque. As expressões e as diferenças gramaticais do português de Portugal são uma curiosidade à parte. E é muito engraçado quando Tomás visita o Brasil e o autor tenta, sem sucesso, imitar o linguajar do brasileiro.

Nota: 8

Wednesday 4 September 2013

O filho de mil homens de Valter Hugo Mãe

"Um homem chegou aos quarenta e assumiu a tristeza de não ter um filho. Chamava-se Crisóstomo" .

 Então a história é sobre um homem que deseja ter um filho? Sim, mas não é um enredo linear e realista. 

Para Valter Hugo Mãe, nenhuma frase é descuidada, nenhuma palavra é desperdiçada. Os personagens falam pouco, mas dizem muito sobre solidão, preconceito, medos, aprendizados, amor. Uma anã, uma enjeitada, um maricas, orfãos, viúvos, solitários. Todos lidando com a sua solidão e a sua busca pela aceitação de si próprio e dos outros. Todos buscando a coragem de ser o que se é. Porque todos são filhos de mil homens e de mil mulheres e  assim nunca estarão sozinhos nesta viagem ao mesmo tempo complexa e simples que é ser humano. 

O filho de mil homens é um livro para ser saboreado. Cada frase deve ser digerida vagarosamente e devemos nos deixar perder dentro do labirinto narrativo. Um banquete para a mente e a alma

Nota:10