Sunday 30 June 2013

Gone Girl - Gillian Flynn


Uma colega de trabalho estava lendo outro livro da Gillian Flynn, e dizia não conseguir parar de ler de tão viciada e hipnotizada.  Comentei sobre o desafio literário e disse que o tema deste mês era romances psicológicos. 'Você precisa ler Gone Girl' , ela me disse.'É um thriller psicológico muito bom.' No dia seguinte o livro estava na minha mesa. Olhei-o com desconfiança. 415 páginas do que parecia ser um desses bestsellers sem muito conteúdo .

Gone Girl (em português Garota Exemplar)  realmente prende a atenção. O livro começa no dia do desaparecimento de Amy e o principal suspeito é o marido Nick. O primeiro capítulo tem como narrador  Nick que começa descrevendo o que aconteceu no dia em que Amy sumiu. O segundo capítulo vem de um diário de Amy, e começa uns 7 anos atrás. Até o final, o capítulos se alternam. Um narrado pelo Nick, outro  escrito por Amy. Os capítulos são curtos , e a linguagem ágil. Impossível parar de ler. Impossível não querer saber o final. Sim, o livro não deixa de ser um thriller, mas o livro é  acima de tudo uma descrição minunciosa da psicologia de uma psicopatia. E não posso falar absolutamente mais nada pois estragar o final é um pecado capital.

O livro certamente não é literatura de alta qualidade. No entanto, é entretenimento de alta qualidade , e tem o seu valor. Geralmente não leio livros deste tipo, e confesso que , às vezes, tenho um pouco de preconceito por achar que estou perdendo tempo. No entanto, como um dos objetivos do Desafio Literário é lermos livros que normalmente não leríamos , devo dizer que este objetivo foi plenamente alcançado. Devorei Gone Girl com muito orgulho. Há muito tempo não lia um livro com tamanha rapidez.

Nota: 8

Saturday 8 June 2013

Levels of Life - Julian Barnes

O tópico este mês no Desafio Literário é 'Romance Psicológico'. Um tema bem abrangente e um dos gêneros que me agradam mais. Difícil a escolha, portanto resolvi ler dois livros que ganhei de presente.

O primeiro é Levels of Life, o último livro de Julian Barnes. Não é fácil descrever o livro que é um misto de ficção, ensaio e memórias. A linha narrativa só faz sentido no final e de aí  forma contundente, libertadora.

Julian Barnes fala dos três níveis da vida: as alturas, a terra , e o subterrâneo. Para descrever as alturas ele conta a história dos primeiro balonistas , suas aventuras, e o desenvolvimento da fotografia aérea. O segundo nível é retratado através de uma história de amor entre dois desses balonistas, um deles a famosa Sarah Bernhard. É uma história de amor que na verdade não se concretiza. O nível subterrâneo é o seu relato sobre a sua  dor em lidar com a  morte da mulher. No final tudo se junta de uma forma magistral e Barnes volta a frases e episódios dos dois capítulos anteriores.

Barnes descreve a sua dor sem cerimônia, sem subterfúgios, sem vaidade. Todos nós conhecemos alguém que perdeu um ente muito querido, mas muitas vezes nos protegemos do sofrimento alheio, por medo ou ignorância. Barnes nos obriga a olhar a morte e a perda de perto e por ela não estar  nem mascarada nem dramatizada, conseguimos encará-la e compreender quando Julian diz ' a dor é proporcional a quanto valeu a pena'. Se valeu a pena há dor, e então a dor vale a pena.

É uma leitura de difícil compreensão pois só faz sentido no final e definitivamente não é uma leitura leve. Mas a escrita de Barnes é admirável e o seu depoimento de uma sinceridade admirável.

Nota: 10