Thursday 30 May 2013

O Sol É Para Todos - Harper Lee

Quando tinha uns 20 anos comecei a ler O Sol É Para Todos. Abandonei lá pela página 50 , achando que seria apenas um livro moralista e piegas sobre racismo . E talvez fosse mesmo, sob o meu olhar de então. Talvez não conseguisse mesmo ultrapassar a camada aparentemente simples da história.

O Desafio Literário 2013 me deu mais uma chance. O tema deste mês é 'Livros citados em filmes', e O Sol É Para Todos é um livros sugeridos. Não vi o filme no qual é citado, e nem me lembro do nome do filme. O livro, no  entanto ficará na minha memória por muito tempo.

Como seria possível não me encantar com Scout, Jem e Dill e a sua trajetória rumo ao conhecimento. As três crianças deparam-se com situações nas quais é necessário perder a inocência e compreender que existe o bem e o mal, e que muitas vezes as suas fantasias são apenas explicações para o desconhecido.

Harper Lee nos transporta para a cidadezinha do Alabama e e nos sentimos parte da vizinhança. Passamos a conhecer de perto os vizinhos da família Finch . Torcemos e sofremos juntos.

O título em inglês é "To Kill a Mockingbird", e o pássaro do título simboliza os seres frágeis que são destruídos pelo mal. Há vários Mockingbirds no livro e estes são esmagados por um sociedade que condena a inocência e as diferenças. Apesar de o livro oferecer um final razoavelmente feliz, pois as crianças conseguem ver a existência do bem onde menos esperavam, Harper Lee não inocenta os moradors de Maycomb já que eles descriminam , sem piedade, os seus Mockingbirds. E como uma das vizinhas diz para Scout :"Matar um Mockingbird é um pecado, pois o seu único papel no mundo é cantar sem parar" .

Recomendo a leitura e agora quero assistir ao filme com Gregory Peck.

Nota:10

Sunday 19 May 2013

Portrait of a Marriage de Nigel Nicolson

Quando a escritora Vita Sackville-West morre em 1962, o seu filho Nigel tem como tarefa arrumar os
seus documentos e escritos. Ele aí encontra  cartas e um  diário que descreveria os seus amores e  tormentos .

Estes documentos, guardados em vida , mas claramente escritos para um outro leitor, revelam uma vida repleta de desejos proibidos. Revelam também o seu grande amor pelo marido Harold , que aceitou e acolheu os seus complexos anseios.

Vita sentia desejo por outras mulheres e  viveu casos intempestivos com algumas. Violet, seu caso mais duradouro trouxe grande paixões , mas também grande sofrimento. Se apaixonou por Virginia Woolf, que escreveu orlando em sua homenagem.

Nigel explica porque resolve tornar pública a história da sua mãe. Escreve para o futuro, quando espera que a sociedade aceite melhor os homossexuais e compreendam que não é  uma escolha e sim uma realidade da qual é impossível escapar. Harold compreendeu isso e construiu com Vita um casamento de 50 ans. Um casamento pleno de respeito, verdade e muito amor.

A  biografia de Vita, que alterna entre os diários de Vita e os capítulos escritos por Nigel, é fascinante quando pensamos que isto tudo se passou no início do século 20. O livro nos traz um depoimento comovente de espíritos ao mesmo tempo livres e presos aos costumes vigentes.

Nota:8